quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O Nascimento

Muitas vezes me falaram que a maternidade me traria momentos bons e outros menos bons. Salvaguardando sempre, que os bons iriam sempre prevalecer os maus. Realmente a máxima “Nada nos prepara para a maternidade/paternidade”, é de facto verdade.
Começou com o próprio dia de nascimento da minha pequena Miguelita. Decorreram muitas horas de espera e sofrimento, foram as horas mais sofridas da minha vida, inclusive houve uma situação em particular que me levou às lágrimas. Depois de 12h de tentativa de indução do parto, lá me levaram para o bloco para realização de uma cesariana. O meu coração disparou e lembro-me de ter pensado “É agora, agora já não há volta a dar”, o percurso até ao bloco era interminável, só via as luzes no tecto do hospital. Entrei no bloco e deparei com um batalhão de gente e com uma panóplia de instrumentos, o meu coração disparou ainda mais. Havia uma enfermeira que dizia, menina, diga-me se está a sentir o toque, mas que não está a sentir dor. Como é que eu saberia? Nunca me tinha visto numa situação semelhante, o medo tomava ainda mais conta de mim… A Enfermeira continuava, agora vai sentir um vácuo, significa que estamos a retirar a sua bebé…. E na realidade foi isso o que eu senti. Eu bem tentava ver o que estava a acontecer, pelo reflexo do candeeiro da mesa de operações mas a imagem não era nítida o suficiente. De repente lá ouço um choro, era a minha pequena… nem a vi, lá a levaram para o berçário, limparam-na alimentaram-na e mesmo antes de ir para o recobro vem uma enfermeira com a Mimi toda embrulhadinha, -“ Olhe mãe, olhe a sua menina”, era linda e cabeludinha como sempre imaginei. Foi engraçada, esta passagem, passei de menina, para mãe. A partir daí, sempre que se dirigiam a mim era mãe ou mamã, deixei de ser a menina Carolina.
As noites na maternidade, pareciam anos… pois, de um dia para outro, tinha alguém que iria depender de mim a 100%. O meu estado de alerta estava no máximo, acho que nessa altura era uma boa concorrente a um cargo sentinela. Cada som, cada gemido, a contagem das horas para a refeição ao minuto, nada me fazia dormir. E quando tinha ousadia de o tentar fazer, o meu organismo accionava o sistema de alarme.
No dia de regresso a casa, foi um dia bastante emotivo, não obstante ser o 3º aniversário de casamento. Vinha lavada em lágrimas, sem nenhuma explicação aparente. Afinal de contas levava o meu bem mais precioso para o nosso recanto.
A primeira noite em casa foi terrível, a pequena chorava, gritava e não sabíamos o que tinha. Só pensava se iriam ser assim o resto das noites, a pequena que tão bem se comportava na maternidade, vinha agora para casa completamente “indisciplinada”, e acabar com o descanso dos pais. Resolvemos preparar a verdadeira maternidade no nosso quarto, depressa a nossa casa perdeu a decoração habitual… A segunda noite já foi mais tranquila, a terceira também, e felizmente tem sido assim até agora. Afinal não tínhamos uma ”enfant terrible”, mas um anjinho.
Agora passados quase 2 meses e meio, já lhe vou descobrindo/reconhecendo alguns gestos, choro e modos…Mas ainda há tanto por descobrir, neste pequeno universo, chamado Mimi.
Foram-me dados tantos e bons conselhos que acolhi com carinho, mas nada nos prepara para esta nova condição de mãe. Mas asseguro categoricamente que é o sentimento mais nobre de todos.

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